Editorial do Presidente
“Veio então a tempestade
Que foi potente e cruel;
A golpes das suas asas empurrou-nos rumo ao Sul”
Fernão de Magalhães, na demanda das Terras do Nunca, a Viagem de Circum-navegação
Estimados sócios, vivemos um tempo estranho, que ficará na nossa memória muito para além do tempo presente. A pandemia por um vírus até agora desconhecido, impôs-se na nossa vida do mesmo modo que uma visita indesejada na casa de cada um, que – de todos os modos – ansiamos que saía, que procure outra habitação, outro modo de estar… Se é verdade que cada um sentiu esta invasão de modo muito pessoal e próprio, também é verdade que todos, como médicos, tivemos que adaptar a nossa prática a este novo tempo e, sim, os múltiplos doentes com hipertensão arterial também sofreram diferenças, por vezes gritantes, no seu seguimento clínico. Desde logo, o advento das consultas não-presenciais, as receitas á distância, o “medo de apanhar a doença” …Alguns foram empurrados para a simples dificuldade, pura e dura, de contactar o seu médico, aquele em quem se confia há muito tempo…
Os Médicos de Família, em particular, foram intensivamente empenhados em tarefas relacionadas com a pandemia, algumas incompreensivelmente de caráter administrativo. Estoutra pandemia, empurrou a pandemia em que já vivíamos, a pandemia da doença cardiovascular, para segundo plano… Contudo, como sabemos muitos, é frequente na vida de cada pessoa que de situações adversas nasçam evoluções positivas. A verdade é que os profissionais de saúde passaram para primeiro plano e a saúde pública passou para a ordem do dia. A SPH, entidade dedicada ao serviço público, tem por obrigação juntar-se ao esforço público de informação, especialmente nas interfaces entre a pandemia viral e a hipertensão…. É este o desiderato dos recém-empossados novos órgãos desta instituição já com 17 anos de existência em que eu, humildemente, me incluo.
Este mês de maio será profícuo em eventos de cariz amplo, para o público em geral, como a semana da hipertensão, forçosamente digital, como no ano transato, bem como o curso de formação do Núcleo de Internos da Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Ora, como já dizia Fernão de Magalhães, na citação acima, a tempestade presente, ainda que potente e cruel, empurra-nos para o bom caminho. O caminho de um Sul sereno e confiante…
Boa viagem e vento de feição, para todos os que acreditam na SPH.
Um abraço a todos,
Luís Bronze
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